domingo, 21 de fevereiro de 2010

sexagésimo ~

Tudo começou com um beijo terno entre sorrisos, e acabaria com a mesma ternura entre lágrimas.


As mãos se encontravam lentamente, no compasso meloso da música. Os olhares se entrelaçavam, e as bocas completavam-se, tinham necessidade uma da outra. Uma mão descia, contornando a silhueta feminina que dançava no ritmo, a outra mão amaciava os sedosos cabelos loiros da moça.
Os corpos se aproximavam, se encaixavam, tinham o complemento perfeito um do outro. Duas silhuetas se tornando uma, um único corpo. A última noite, e a última dança que dançariam juntos, mal sabia ela. Ele tirou vagarosamente o vestido de seda da moça e ela fez o mesmo com a farda nova do rapaz, e eles se amaram como nunca antes. Beijaram-se ternamente com amor. Se amaram noite adentro.
Com o passar das horas, o tempo se esgotava, era necessário dizer a verdade, dizer adeus. Mas como falar algo tão terrível a ponto de despedaçar o coração da pessoa amada?... Era preciso.

Logo nas primeiras palavras proferidas, a moça percebeu na amargura da voz masculina que esse era o fim. E logo as primeiras lágrimas vieram, e chamaram as outras, que desataram num choro aparentemente infinito. A figura masculina tentava amparar as lágrimas e a tristeza, mas como poderia fazer isso, se pode dentro ele estava tão triste quanto?
As horas passavam, e a solidão adentrava o lugar. O homem levantou-se e começou a colocar sua farda novamente. A guerra o esperava, e talvez o teria para sempre. Poderia a moça aguentar isso? A dor e a perda da incerteza da volta?
Entre lágrimas eles se beijaram, e nessas mesmas lágrimas ele se foi. Deixando-a na ternura do amor incerto.


Mas ela o esperou... em vão.


(Baseado em várias coisas, entre elas o clipe Thinking of You da Katy Perry, e a música Food is Still Hot da banda Karen O and the Kids)
(Qualquer dia eu escrevo algo feliz que não tenha a ver com perdas e solidão, está começando a ficar irritante como eu repito esse assunto)

Um comentário:

Sarah Brambilla disse...

Que triste e romântico, eu cheguei a lembrar do clipe da Katy Perry quando li o último parágrafo :D