sábado, 3 de dezembro de 2011

septuagésimo quinto ~

Para não dizer que morri, resolvi postar novamente, haha! Desde que mudei para São Paulo para fazer faculdade, só consegui postar um único texto novo e isso me deixou um tanto quanto frustrada, para dizer a verdade.
Mas isso não quer dizer que eu tenha perdido a inspiracão - ela acabou por vir de todas as formas imagináveis, como por fotos e argumentos cinematográficos para a faculdade.
Vivi uma maldita dualidade de sentimentos nessa cidade e de certa forma, encantamento do mundo através da fotografia me ajudou muito nisso, e com isso, eu decidi postar aqui algumas fotos que eu tirei nesses seis meses que me manti longe.










De certa forma, são provas para mim mesma de que as coisas mais aleatórias podem ser lindas... Eu só preciso parar para ver.

sábado, 13 de agosto de 2011

septuagésimo quarto ~

A casa está vazia de novo... Sem seus berros, suas brigas, seu afeto. A casa está vazia e eu nunca me senti assim. Tudo continua no lugar que deveria estar - o sofá nunca saiu da posição-dois-pés-afastado-da-parede, o ventilador continua quebrado e o seu lado na cama continua intocado; quase como se ainda estivesse com a forma do seu corpo.
A luz matinal - lembra-se dela? Amarelada que você tanto gostava - continua refletindo nos cristais que vento que eu tanto insisti para comprar na viagem e que você nunca gostou. Agora essas coisas não parecem tão bonitas sem você... Eu ainda me engano pensando que, talvez, um dia, talvez uma quarta-feira você poderá passar pela porta e dizer o meu nome; você poderá voltar.
Já tentei me mudar; a solidão dentro dessas paredes me sufoca. Mas não ouso sair do lugar que guarda todas as lembranças. Mês passado decidi que ia reformar a casa, mas não tive a coragem necessária para abandonar suas marcas pelos cantos. Ouso dizer que nas noites mais silenciosas eu consigo ouvir sua risada alta (pois nós dois sabemos que você tem uma risada por ocasião) ecoando na sala ainda e tudo isso me dói. A solidão é tão forte que nem me parece real.
O vazio sem a sua mão na minha, o silêncio sem seus passos apressados – até mesmo a sua música barulhenta. Até nossas brigas me fazem falta – minha irritação com o fato de você nunca se irritar, seu jeito de me abraçar enquanto eu chorava pelo fim. As coisas pareciam mais corretas. Um lar é feito de afeto também, não só paredes.
Agora eu me pergunto, como será que você está? Lembro-me muito bem da sua incapacidade de fazer o almoço sem derrubar alguma panela, ou quase botar fogo na casa. E agora, você aprendeu? Ou pior, meu deus, será que outra pessoa cozinha por você? Ah, não suporto pensar na sua felicidade dentro da minha solidão; mas também não consigo pensar na minha felicidade sem a sua infelicidade – veja, eu finalmente admito na nossa falta de capacidade de ser feliz em conjunto como você tanto gritou na última vez que te vi, está satisfeito agora?

Com toda a perda, sinto que me perdi; e vendo os seus restos jogados pela casa me pergunto o que sobrou de mim no meio dessa bagunça que eu chamava de amor. Eu era inteira antes, por que não mais? Cadê a minha parte que você levou contigo? – Devolva-me, por favor, preciso estar inteira novamente. Posso lhe esquecer com os dias, posso me adaptar ao silêncio, mas não posso viver sendo metade de uma pessoa. Traga-me de volta e leve contigo o que restou de ti comigo- até lá eu continuarei aqui, te sentindo nos cantos e cômodos, metade de mim.




(Sim, por mais que eu esteja amando essa cidade, a solidão me deixa triste, haha)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

septuagésimo terceiro ~

[http://www.youtube.com/watch?v=XgP5Q9vZal8 Jónsi and Alex - Indian Summer]


No momento mais solitário do dia mais quente, me pego pensando nas respostas impossíveis. Perguntas que nunca deveriam ser feitas em respeito a sanidade humana e que por mais que pareçam simples, escondem uma complexidade real. Não seja tolo, não importa quantas horas, dias e quantas vidas você desperdice tentando se encontrar, a realidade é que a cada segundo a resposta parece mais longe de ti.
Horas passam e o abismo aumenta. Será que devo pular em busca das respostas ou permanecer com os pés nos chão ignorando o sentido só para me manter sã? Não ouso acreditar que a vida é apenas dias que se acumulam, lugares que conheço e pessoas com quem converso. Não ouse acreditar na simplicidade das coisas por ser covarde.
De certo modo, é um momento de loucura bom. Deitar no chão, chorar com medo e sentir-se perdida. É o único momento que eu realmente sinto que estou viva. Afinal, imagino eu que no dia que pensar ter encontrado todas as respostas, não terei mais sentido aqui.
Mas veja, não estou falando para você se perder também; se jogar do abismo. Não, isso seria loucura e possivelmente não teria volta. Apenas digo para que também não tente evitar entender - ou pelo menos tentar. Nunca tive tanta certeza de mim mesma quanto no momento que tive absoluta certeza de que não tenho ideia do que sou; não importa o quão irreal isso possa soar.
Pela primeira vez, vejo o abismo e sinto que posso pular. Perder-me para encontrar a mim mesma. Isso faz sentido para você? Bom, isso não importa agora. Talvez nunca ache as respostas - talvez elas estejam somente em mim. Ou quem sabe, o sentido da vida seja exatamente não saber; será? O que há de ser de nós quando tudo isso acabar?
Sinto medo e sinto que isso é normal. Talvez o objetivo seja esse, mas passar uma vida inteira tendo medo de viver não me parece agradável. Será que você também sente tudo isso? Oras, seja sincero comigo, posso não saber todas as respostas do mundo, mas gostaria de saber quais são as suas.
A cruel dualidade de se perder para se achar. É doce o desespero que cresce em mim ao mesmo tempo em que é dolorosa a percepção do mundo - meu mundo. Veja bem, acho que nunca me senti tão perdida e por isso, acho que nunca me senti tão próxima da verdade. Depois de certo tempo, vejo que não vale mais a pena perder horas no chão frio esperando, passar horas no escuro temendo o amanhã, passar uma vida sofrendo para simplesmente chegar o fim. Vejo agora que sou minha pior inimiga na calada da noite.
Palavras vem rapidamente mas não são o suficiente para te fazer entender tudo o que preciso dizer. Mas agora isso não importa mais, pois, pela primeira vez, eu sinto que entendo a mim mesma - e por isso, sei que não entendo. Acredite, a vida só começará a fazer sentido a partir do momento em que você assumir que ela nunca fará. Será que agora você compreende a si mesmo também?


(Acho que essa é a primeira vez que consegui escrever tanto em tão pouco tempo por um simples surto de pensamentos... E agora eu me sinto leve.)

quinta-feira, 28 de abril de 2011

septuagésimo segundo ~

Nine Inch Nails - Right Where it Belongs
http://letras.terra.com.br/nine-inch-nails/139678/traducao.html


Nine Inch Nails - Hurt
http://letras.terra.com.br/nine-inch-nails/28455/traducao.html


Isso é basicamente tudo o que eu preciso dizer e não consigo colocar em palavras da forma tão foda como o Trent - ou talvez não esteja me permitindo escrever tudo isso... Às vezes eu prefiro evitar sentir certas coisas.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

septuagésimo primeiro ~

(http://www.youtube.com/watch?v=qSQvX4UtbgE)


Mate-me lentamente - te suplico - sufoca-me. Me deixe experimentar o mais doce dos venenos e a mais amarga das alegrias. Me deixe sentir o seu corpo e sua pele.

Mate-me lentamente, te suplico. Crave seus dedos sobre minha pele, crave seus dentes sobre meu corpo. Sinta o sangue pulsando por minhas veias, sinta o palpitar do meu coração. Aproxime-se de mim e contorne meu pescoço com suas mãos. Contorne o meu corpo com o seu.
Derrame meus pensamentos no chão, e silencie meu murmúrio caótico. Tape minha boca e meus olhos e, lentamente, arranque-me de meus sentidos. Deixe eu me perder nesse momento, me perder em você.
Perca-se em mim também, entre súplicas e murmúrios. Sinta o sangue quente escorrendo noite adentro, deixe-o escorrer por seus dedos. Deixe seus dedos ensanguentados correrem pelo meu corpo desfalecido. Entorpeça-me, suma com meus sentidos.

Observe meu contorno uma última vez, o sangue oriundo de meu corpo escorrendo pelo carpete. Observe minha respiração ofegante lentamente parando. Observe meus olhos agora vidrados. Observe minha morte lenta e vá embora.




(Não fui eu, foi meu Eu Lírico - 115.572 membros
E meu Eu Lírico realmente gosta de ouvir Marilyn Manson...)

terça-feira, 8 de março de 2011

septuagésimo ~

http://www.youtube.com/watch?v=UEW8riKU_tE


Eram lágrimas - ou quem sabe palavras não ditas que, por doerem tanto, se esvaíram.

Eram a ausência de palavras proferidas e também o grito que surgia dentro de mim. Eram a minha completa ignorância e meu desejo de voar para longe. Eram lágrimas que eu finalmente permiti que saíssem.
Resumem todos os sentimentos não nomeados que se apossam do meu corpo. Não nomeados pelo simples fato do meu medo de descobrir quais seriam. Prefiro inventar nomes imaginários a tentar desvenda-los.
Lágrimas que tristes ou não, tiraram todas as palavras mudas que, com o tempo, foram se acumulando em mim. Trouxeram uma triste leveza ao meu corpo. Porém também trouxeram os medos escondidos. Frustração e receio, também mesclados com alegria. Coisas que guardo em mim e não sei como lidar.
Frustrações ignoradas, rancores que tranquei em silêncio e que agora se voltam contra mim com tamanha brutalidade que desconhecia ter. Preciso da delicadeza que julguei real, das certezas que agora só parecem mentiras bonitas, dos momentos de lucidez. Preciso parar de sentir.

Preciso parar de sentir agora, para que meus sentimentos antigos voltem a ser reais. Para que, talvez, eu volte a ter certeza, e os sorrisos esboçados virem mais do que apenas medo. Quem sabe assim os pensamentos parem de vir sorrateiramente e me arrancar o sono. Quem sabe assim eu possa finalmente me curar. Talvez assim eu possa te perdoar.




(Sabia que essa coisa de continuar escrevendo e ouvindo Nine Inch Nails ia dar errado... E não vou colocar um trecho da música dessa vez, pelos simples fato de que a música inteira faria sentido agora. http://letras.terra.com.br/nine-inch-nails/28446/traducao.html)
(Só queria dizer que este texto só foi escrito para tirar um peso de mim e eu pudesse finalmente dormir, são sentimentos elevados não necessariamente reais - ou pelo menos não com essa intensidade. São só palavras.)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

sexagésimo nono ~

http://www.youtube.com/watch?v=AvJKVKglIRs


É um sentimento tão forte que eu já não consigo sentir.

Sinto apenas meu estômago revirando, minhas mãos suando e a sensação de estar olhando diretamente para o abismo que se abriu nesse momento. Entorpecida, não sinto nada, quase como se estivesse paralisada.
Vontade de arrancar-me a pele, apenas para sentir a dor... Sentir que ainda estou viva. Vontade de sentir o sangue quente descendo, só para ter a certeza. Olhar nos seus olhos e te fazer sentir também, tudo o que eu não consigo mais. Vontade de sentir dor, apenas para continuar vivendo.

Em que ponto consegui chegar, onde tudo o que eu sentia parece não ser suficiente. Onde nem mesma eu acredito em mim. Onde tenho a impressão de estar à deriva da minha própria vida, seria isso possível?
O sono se esvai e o medo se instala. Pelo menos já começo a sentir algo, mesmo que dolorosamente real. Isso me dá a sensação da vida correndo pelas veias novamente. A sensação de viver finalmente.
O coração pulsa acelerado, minhas mãos tremem e sinto ânsia. Não posso negar nem fingir o que não sinto, mas como poderei nomear algo tão abstrato? Não vejo necessidade de dizer o que sinto, apenas que seja real.

A letargia passa e o medo começa. Eu permaneço, mesmo que não seja a mesma. Eu permaneço, mesmo que doa.
Eu permaneço porque é aqui que quero estar.

(Por ter sido escrito em dois momentos diferentes, com sentimentos diferentes, o texto se perde no meio e eu sei disso... Mas enfim, vai ficar assim mesmo.)

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"Don't forget me, I beg, I'll remember you said:
"Sometimes it lasts in love but sometimes it hurts instead".
(Adele - Someone like You)