segunda-feira, 25 de agosto de 2008

décimo nono~

Eu sinto sua falta.
Eu não sinto mais a sua presença perto de mim, eu não quero tolerar isso.
Já faz tanto tempo que às vezes eu tenho medo de esquecer tudo isso, não quero esquecer.
E por mais que essas lembranças sejam cruéis às vezes, eu não quero esquecer... Esquecer você, como era a sua presença, esquecer como você fazia eu me sentir bem. Por mais que eu diga que nada vai mudar o seu lugar na minha memória, depois de um tempo as coisas ficam desgastadas, e eu escrevo... escrevo para manter você viva, por mais que não esteja.
É normal? É normal sofrer por uma coisa que já passou assim?
Eu não agüento mais olhar as coisas e te tornar utópica, te tornar apenas uma palavra, um nome.
Não sei mais o que você é.
Um nome, uma coisa do passado... Me dói dizer o seu nome em vão.
Eu dou risada das coisas para torná-las menos dolorosas e mais reais, para assim ir me acostumando devagar, mas quando me pego pensando ainda dói como antes. E nem eu mesma sabia que era assim.
É assim para todo mundo?
Acho que sou péssima para lidar com esse tipo de perda, mas eu vou aprender... Todo mundo perde alguém, c'est la vie, não posso fazer disso um motivo para eu virar coitadinha.
Mas ainda dói pensar que eu te amo tanto. E ainda dói pensar que você não vai voltar... E eu sei disso.

domingo, 17 de agosto de 2008

décimo oitavo~ [Ela via o chão...]

Ela via o chão. O chão e as pessoas lá embaixo.
A distância era tão grande que as pessoas se tornavam tão pequenas, quase insignificantes, como pequenos pontos que iam de lá para cá.
Pequenos pontos e suas vidas. Pequenos pontos que seguiam a suas respectivas vidas todo maldito dia e nem sabiam o motivo disso. Ela não gostava disso, era quase como se fosse um incomodo.
E continuava parada, olhando fixamente para o chão que nunca pareceu tão tentador. Esse mesmo chão parecia que a puxava para baixo com uma força que nem mesmo ela entendia.
E a brisa... Ah, essa brisa que acariciava seu longo e escuro cabelo era a mesma brisa que levava suas lágrimas para longe e ela sentia que com isso iam-se todas as suas preocupações e frustrações.
Deveria cair na tentação do chão? Deveria parar de ser covarde e encarar a vida? Tinha se escondido por tanto tempo que mal sabia como fazer isso, e era tão covarde que nem queria aprender...


E assim, seguindo a brisa, ela foi para frente... E sentiu seus pés deixando o concreto e seu corpo flutuando naquele lindo dia de verão... Sorriu... Sabia que não ia se arrepender, não podia se arrepender... Afinal, mortos não se arrependem.


(Não, eu não quero me matar, nem tenho vontade disso, meu deus... Mas por algum motivo essa cena veio na minha cabeça.)

décimo sétimo~ [relações invisíveis]

Eu conheço um senhor... Eu "conheço" um senhor.
Não sei o nome dele, nem ele o meu, não sei nada da vida dele, nem ele da minha. Mas todo dia nós trocamos sorrisos e acenos.
Nunca falei com ele nada além de "Bom dia!" e nem ele.
Mal sei direito o som da voz dele, já que ele praticamente sussurra essas palavras, ou só as diz com os olhos.
E essa é a nossa relação invisível, pois só nós dois sabemos da existência dela.

Porém eu gosto dele, não tem um dia sequer que eu passe e não sorria, e nem um dia sequer que ele não responda o meu sorriso.
Sei que ele cuida de jardim, e ele sabe que eu sou estudante, mas com os olhos ele sabe mais de mim do que eu imagino.
E isso é o mais próximo que eu chego de amizade e sentir falta, até o dia que ele não for mais trabalhar, ou que eu não passe mais por onde ele está. Ai ele sairá do meu caminho e eu não cruzarei mais o dele. Mas até lá, todo dia eu sorrirei singelamente para ele, e ele para mim e isso me deixará muito feliz.