domingo, 5 de setembro de 2010

sexagésimo sexto ~

(Em defesa da minha sanidade, eu acabei de assistir A Origem, e todos os pensamentos que o meu pai brincava comigo vieram a tona... ''E se a gente for o sonho de uma pessoa que nunca existiu?'')

Será que eu gosto de tudo isso porque existe, ou tudo isso existe porque eu gosto?


Talvez as coisas sejam mais simples do que eu imagino, como num sonho. Só que dessa vez eu não consigo acordar. E mesmo se acordasse, não sei se conseguiria lidar com a realidade por trás do sonho.
Gostaria que a realidade fosse melhor que o sonho, mas não vejo possibilidade disso acontecer. Afinal, por que eu precisaria de um refúgio imaginário pior do que a realidade cruel? E, se mesmo no sonho não sei o que significo, como poderia significar algo fora dele? Ainda procuro o ponto onde o meu sonho encontrará a realidade, e espero que lá eu encontre algum sentido para isso. Talvez tudo o que eu precise seja menos complexo do que imagino... Apenas um estalo, apenas uma abertura de olhos... E de mente.
Mas como abrir a mente para algo não palpável? Seria como se jogar de um penhasco, sem, de fato, ver o final. Cairia até onde? E quando chegasse no final, o que encontraria? Não posso acreditar que tudo se resumiria a uma dura morte, num subconsciente esquecido pelo tempo. Não poderei controlar a minha mente, mas talvez eu possa fugir dela. Não sei exatamente onde isso iria me levar, nem se eu gostarei do que posso chegar a ver, mas a realidade - onde as pessoas não controlam o mundo, uma a uma - deve ser melhor do que ao mundo que somente eu controlo.
Controlo e me perturbo tentando descobrir o que criei. Mas será possível meu consciente resolver o labirinto do meu subconsciente? Não sei por quais caminhos preciso correr. Não sei quais lugares preciso lembrar. Será algum real?
Meu medo é descobrir estar vivendo um looping infinito, onde nada é realmente verdadeiro, e não existe caminho de ida nem volta. Poderia eu, agora de olhos abertos para a verdade, escolher ficar? Pelo menos aqui eu sei não estar sozinha, mesmo que seja rodeada apenas de fragmentos da minha mente. Talvez tenha construido tudo isso para fugir de algo... Algo como a solidão, ou até mesmo o medo da verdade.
Ficar aqui seria loucura? Afinal, por mais que exista a possibilidade de que seja tudo minha própria criação, eu nunca conhecerei por inteiro o meu subconsciente. Mas seria eu capaz de criar algo que até para mim se tornou detestável? Seria o meu medo tão forte assim?
Vou acreditar nisso ao meu redor como realidade, parece menos tortuoso do que tentar acordar. E acordar para que? Essa é a realidade... ou pelo menos é algo que eu, agora, me forço a acreditar. Esta é a realidade, esta é a realidade, esta é a realidade, esta é a realidade, esta é a realidade... Precisa ser.


''What if everything around you Isn't quite as it seems?
What if all the world you think you know
Is an elaborate dream?

And if you look at your reflection
Is it all you want it to be?
What if you could look right through the cracks?
Would you find yourself afraid to see?''
(Nine Inch Nails - Right Where It Belong)

2 comentários:

Joperninha disse...

Acho que é o texto que mais gostei seu
sinceridade,muito bom
Parabens Mikinha

Aline Fraenkel disse...

Simplesmente adorei. Não sabe o quão bem eu entendi esse texto, sinceramente, hahaha...
Você escreve como e o que eu gostaria de conseguir escrever, cara.