sábado, 27 de setembro de 2008

vigésimo~ [Abril Despedaçado]

O balanço ia para frente e para trás, para frente e para trás.
E do outro lado, os passos o levavam cada vez mais perto do seu destino.


Menino achava que podia voar, e no balanço era o único lugar que tudo virava nada, e nada mais importava.
Tonho dava cada passo com mais receio que o anterior, e dava cada passo com mais tristeza que o anterior.
Menino pensava se veria o irmão de novo.
O irmão pensava quanto tempo ainda tinha para ver quem queria.
Menino sonhava.
Tonho simplesmente fazia o que tinha que fazer.
O Menino contava histórias de sereias e pacus.
Tonho já não sonhava com nada e só tinha um desejo.
O Menino morreu na vida.
Tonho matou a vida.
E nenhum dos dois conheceu a vida além da vida que os rodeava.


(Filme: Abril Despedaçado)
(Foto: O Menino)