domingo, 21 de dezembro de 2008

quinquagésimo ~

''Hoje eu sonhei com a minha mãe, e ela me abraçou!''
Quem me disse isso, falou com tanta emoção que eu quis postar aqui.

''Acho que é a saudade que faz isso com a gente.''

Simples assim, porém sincero.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

vigésimo quarto~

Não quero ficar sozinha, não quero me sentir sozinha, será que você poderia me fazer companhia?

Em um segundo tudo muda, o mundo colorido vira cinza ou o cinza vira arco íris.
O sorriso vira lágrima e a lágrima, gargalhada.
Sumir, correr, esquecer.
Não me deixe.
Permaneça.

Vá embora.
Queria que você ficasse, queria ficar aqui com você. Queria que esse momento parasse no tempo, e que o tempo nunca mais saísse daqui. Na verdade só quero ficar por aqui mesmo.

Você está sozinho? Você se sente sozinho? Você quer companhia?

"Don't be afraid to care,
Leave but don't leave me
."
(Pink Floyd - Breathe)

"Três coisas que você deve saber sobre namorar: primeira - o que ele quer da vida. (...)
segunda - se ele te trata bem, não te ofende, não te bate. (...)
terceira - não tenha medo de se apaixonar... Você tem, não tem? Dá para notar... (...)"


"But it was only fantasy.
The wall was too high,
As you can see.
No matter how he tried,
He could not break free.
And the worms ate into his brain."

(Pink Floyd - Hey You)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

vigésimo terceiro~

Aquele café fumegante sempre teve gosto de amor.
E agora a xícara se encontrava no meio da mesa, intocada.

Palavras não eram necessárias naquele momento, tudo o que era preciso ouvir já tinha sido dito. Ambos já tinham reparado que o momento final era inegável, porém nenhum queria ser o primeiro a dizer 'adeus'. Palavra maldita essa que arrancava lágrimas da moça antes mesmo de ser dita.
Os pensamentos jogados sobre a mesa procuravam espaço entre a xícara, as alianças, as malas e o silêncio. Silêncio que rasgava o coração dos antigos amantes que antes se diziam eternos.
Aquelas confissões tardias, e os perdões não sinceros. E a dor no meio de tudo. A confiança havia se perdido no momento, não poderiam mais continuar.

Por fim, entre lágrimas o homem se levantou e pegou a xícara na mesa.
Um último olhar, um último adeus não dito. Um último gole...
O café nunca esteve tão amargo.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

vigésimo segundo~


Um dia que começou cinza não poderia acabar melhor.
Na verdade, literalmente falando o dia não começou cinza, começou com um nascer bonito e gelado do sol e foi ficando nublado e cinza. Mas para mim foi exatamente o contrário. Começou mal, e agora não poderia ficar mais feliz.
Sem mais enrolações, vou contar logo a história.

Eu estava com a minha irmã no ponto de ônibus e especialmente hoje (sabe aquele dia que tudo parece chato e não dá vontade de fazer nada além de dormir? Exatamente um dia assim!) o ônibus demorou um bocado.
Um ônibus vermelho passou, não era o meu, mal estava prestando atenção até ele parou e um senhorzinho foi descer. Eu estava com o pensamento muuuito longe dali então só fui perceber a dificuldade do senhor quando ele já estava no quase último degrau.
"Ah! O senhor quer ajuda?"
Ofereci a mão e ele retribuiu a minha gentileza segurando-a. Primeiramente ele não segurou forte, nem mesmo se apoiou, mas nunca seguraram a minha mão com tamanha delicadeza. Era como se ele fosse frágil, como se qualquer toque brusco o quebrasse. Lembrou-me um pouco de um passarinho.
"Você quer ajudar para atravessar a rua?" "Ah, sim!"
E de mãos dadas atravessamos a rua, eu morrendo de medo que um carro passasse, ele com uma calma e certa lerdeza sem igual. E assim, sem mais nem menos ele começou a conversar comigo sobre o câncer que ele tinha e como o médico tinha dito para andar uns 6 km por dia, então ele ia andar uns carteirões e voltar.
"Você sabe onde eu pego o ônibus de volta?". Levei-o para o ponto com um certo medo de deixa-lo ali sozinho. "Você sabe o ônibus que precisa pegar para voltar?"
Despedi-me e assim de surpresa ganhei mais um beijinho carinho repleto de bondade. "Reze por mim" "Pode deixar, espero que você melhore!"

Espero que ele esteja bem, espero que ele fique melhor.
Estou muitíssimo feliz de novo! :)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

vigésimo primeiro~


(não vou escrever bonitinho nem nada, vou simplesmente escrever pq eu realmente preciso contar essa cena e a razão da minha interminável felicidade de hoje)

Eu comecei a ir de ônibus para o teatro toda quinta, ai hoje eu estava lá no ponto, como um dia qualquer... Meu ônibus chegou e eu fui entrar quando vi uma senhorinha descendo as escadas com certa dificuldade, e como em um dia qualquer, eu fui ajudá-la.
"Moça, você precisa de ajuda?" (tá, eu sei que não é certo Moça, mas eu tenho mania) e ofereci a mão.
Ela pegou a minha mão e sorriu "Obrigada, querida!" e quando eu menos esperava, ela me deu um super beijinho na bochecha e saiu toda despojada e fofa sorrindo.
Acho que qualquer um que estava perto viu a felicidade transbordando em mim no trajeto todo.
E o mais legal é que quando eu estava no ônibus um moço sentou do meu lado "Parabéns pela sua atitude com a senhorinha!" "Ah, magina... É que eu penso que é assim eu quero ser tratada quando eu ficar mais velha, hahaha!" etc, etc, conversa para o ar.

Meu ponto chegou, desci e fui o caminho todo rindo e sorrindo... Ignorando o fato que todo mundo ficou me olhando estranho pq acho que não é todo dia que se vê alguém tão feliz assim na rua sozinha.
Estou tão feliz! Estou tão feliz!

sábado, 27 de setembro de 2008

vigésimo~ [Abril Despedaçado]

O balanço ia para frente e para trás, para frente e para trás.
E do outro lado, os passos o levavam cada vez mais perto do seu destino.


Menino achava que podia voar, e no balanço era o único lugar que tudo virava nada, e nada mais importava.
Tonho dava cada passo com mais receio que o anterior, e dava cada passo com mais tristeza que o anterior.
Menino pensava se veria o irmão de novo.
O irmão pensava quanto tempo ainda tinha para ver quem queria.
Menino sonhava.
Tonho simplesmente fazia o que tinha que fazer.
O Menino contava histórias de sereias e pacus.
Tonho já não sonhava com nada e só tinha um desejo.
O Menino morreu na vida.
Tonho matou a vida.
E nenhum dos dois conheceu a vida além da vida que os rodeava.


(Filme: Abril Despedaçado)
(Foto: O Menino)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

décimo nono~

Eu sinto sua falta.
Eu não sinto mais a sua presença perto de mim, eu não quero tolerar isso.
Já faz tanto tempo que às vezes eu tenho medo de esquecer tudo isso, não quero esquecer.
E por mais que essas lembranças sejam cruéis às vezes, eu não quero esquecer... Esquecer você, como era a sua presença, esquecer como você fazia eu me sentir bem. Por mais que eu diga que nada vai mudar o seu lugar na minha memória, depois de um tempo as coisas ficam desgastadas, e eu escrevo... escrevo para manter você viva, por mais que não esteja.
É normal? É normal sofrer por uma coisa que já passou assim?
Eu não agüento mais olhar as coisas e te tornar utópica, te tornar apenas uma palavra, um nome.
Não sei mais o que você é.
Um nome, uma coisa do passado... Me dói dizer o seu nome em vão.
Eu dou risada das coisas para torná-las menos dolorosas e mais reais, para assim ir me acostumando devagar, mas quando me pego pensando ainda dói como antes. E nem eu mesma sabia que era assim.
É assim para todo mundo?
Acho que sou péssima para lidar com esse tipo de perda, mas eu vou aprender... Todo mundo perde alguém, c'est la vie, não posso fazer disso um motivo para eu virar coitadinha.
Mas ainda dói pensar que eu te amo tanto. E ainda dói pensar que você não vai voltar... E eu sei disso.

domingo, 17 de agosto de 2008

décimo oitavo~ [Ela via o chão...]

Ela via o chão. O chão e as pessoas lá embaixo.
A distância era tão grande que as pessoas se tornavam tão pequenas, quase insignificantes, como pequenos pontos que iam de lá para cá.
Pequenos pontos e suas vidas. Pequenos pontos que seguiam a suas respectivas vidas todo maldito dia e nem sabiam o motivo disso. Ela não gostava disso, era quase como se fosse um incomodo.
E continuava parada, olhando fixamente para o chão que nunca pareceu tão tentador. Esse mesmo chão parecia que a puxava para baixo com uma força que nem mesmo ela entendia.
E a brisa... Ah, essa brisa que acariciava seu longo e escuro cabelo era a mesma brisa que levava suas lágrimas para longe e ela sentia que com isso iam-se todas as suas preocupações e frustrações.
Deveria cair na tentação do chão? Deveria parar de ser covarde e encarar a vida? Tinha se escondido por tanto tempo que mal sabia como fazer isso, e era tão covarde que nem queria aprender...


E assim, seguindo a brisa, ela foi para frente... E sentiu seus pés deixando o concreto e seu corpo flutuando naquele lindo dia de verão... Sorriu... Sabia que não ia se arrepender, não podia se arrepender... Afinal, mortos não se arrependem.


(Não, eu não quero me matar, nem tenho vontade disso, meu deus... Mas por algum motivo essa cena veio na minha cabeça.)

décimo sétimo~ [relações invisíveis]

Eu conheço um senhor... Eu "conheço" um senhor.
Não sei o nome dele, nem ele o meu, não sei nada da vida dele, nem ele da minha. Mas todo dia nós trocamos sorrisos e acenos.
Nunca falei com ele nada além de "Bom dia!" e nem ele.
Mal sei direito o som da voz dele, já que ele praticamente sussurra essas palavras, ou só as diz com os olhos.
E essa é a nossa relação invisível, pois só nós dois sabemos da existência dela.

Porém eu gosto dele, não tem um dia sequer que eu passe e não sorria, e nem um dia sequer que ele não responda o meu sorriso.
Sei que ele cuida de jardim, e ele sabe que eu sou estudante, mas com os olhos ele sabe mais de mim do que eu imagino.
E isso é o mais próximo que eu chego de amizade e sentir falta, até o dia que ele não for mais trabalhar, ou que eu não passe mais por onde ele está. Ai ele sairá do meu caminho e eu não cruzarei mais o dele. Mas até lá, todo dia eu sorrirei singelamente para ele, e ele para mim e isso me deixará muito feliz.

terça-feira, 1 de julho de 2008

décimo sexto~

E por acaso, você ainda lembra quem você é?
Pois no final, a delicadeza sempre acaba.
As pessoas mudam, seja de físico ou de psicológico.
E quando você vai pensar, você já não se lembra quem é.
Já não lembra seus sonhos, seus amores, suas lembranças.
Tudo vai ficando desgastado, velho, e se perdendo no tempo.
E depois, o arrependimento.
Se arrepende de não ter prestado atenção nos sonhos, enquanto eles escapavam de seus dedos.
Mas, ah, você vai esquecer isso também.
Vai ter novos sonhos, novos amores, e até novas lembranças.
Mas os sentimentos vão ser sempre os mesmos.
As marcas vão sempre ficar, você lembrando delas ou não.

(Ah, é muito antigo, mas eu gosto...)

sábado, 21 de junho de 2008

décimo quinto~ [Lembranças]


Saia! Saia das minhas lembranças!
Elas não te pertencem!
São minhas, minhas lembranças e meus momentos!
Eu não te conheço, eu te odeio. Odeio que agora você tem as minhas lembranças e eu não.
Odeio que agora você tem as sensações que eu tinha, e você nem sabe o que é isso!
Você não sabe o que aconteceu, não sabe da importância.
Não quero saber da tua vida, não entre na minha!
É mais do que parece, é mais do que você pensa. Eu quero de volta, eu preciso ter de volta.
Eu preciso das sensações, das lembranças, dos momentos.
Sinto que eles estão escapando de mim, sinto que ficaram ai.
E agora você os tem... Você os tem e não sabe.
Por favor, eu quero de volta, eu preciso ter de volta.
Deixe-me ter pelo menos isso, você tem todo o resto.
Eu quero de volta, eu preciso de volta.

Isso me afeta.
Isso não deveria me afetar.
Eu sei que elas ainda estão em mim, só preciso encontrar o lugar para deposita-las de novo.
Eu... quero de volta o meu lugar, os meus sentimentos perdidos, as minhas lembranças que ficaram.

É tempestade em copo da água, é muito drama, não é uma tragédia Shakespeariana... Mas era o meu lugar. O meu lugar utópico de paz... E você o pegou de mim!
Por favor... Eu o quero de volta, eu preciso ter de volta o meu lugar de memórias, de amor, de paz e história. Não é muito para quem não sabe o valor que tem...

sábado, 17 de maio de 2008

décimo quarto ~ [Liberdade]

Essa sensação... Essa sensação de total liberdade.
Sensação de estar completamente perdida e sozinha, mas estar tão bem.
Sensação de ter encontrado o que o coração tanto anseia.

Não é a liberdade propriamente dita, mas é como se fosse... É o meu mundinho dentro da minha cabeça que me dá uma liberdade de espírito tão grande que nunca terei como liberdade de corpo.
Sei que nunca terei essa liberdade no mundo real, eu sei disso. Mas não reclamo se eu ainda puder me ter sozinha por alguns minutos voando, caindo, correndo, e principalmente...sonhando!
Se eu simplesmente pudesse dizer o que sinto aqui, essa sensação boa que me dá a impressão de não estar presa a nada!
Ah, se fosse real...
Ah, como eu queria que fosse real!
Talvez seja só uma ilusão que me conforta, talvez seja só um sonho bonito.
Mas pela primeira vez na vida, não faço questão de entender, só de viver e sentir.
E dito isso, volto para o meu mundo, porque dele, eu nunca queria sair.


(ouvindo O Fridur do Sigur Rós, foi só fechar o olho, que saiu isso...)

segunda-feira, 5 de maio de 2008

décimo terceiro~ [quem sou?]

Não acho que sou tudo que poderia ser... Mas se eu sei o que eu poderia ser, por que não sou?
Acho que não sou tudo que poderia ser... Acho que não sou tudo que eu queria ser, acho que queria ser mais do que sou.
Queria ser mais, mas ai não seria quem sou, seria?
Sou uma pessoa que quer ser, sou uma pessoa que não sabe o que é.

Mas nesse momento, apenas sou quem sou agora... Mesmo que não seja quem eu sou.


(eu também não entendi... mas surgiu na minha cabeça em um lapso de imaginação enquanto eu ouvia La Dispute de Yann Tiersen)

segunda-feira, 3 de março de 2008

décimo segundo~

As rugas denunciando a idade, os olhos retratando uma vida inteira.
E lá estava aquele senhor, simples, posso até dizer 'normal', mas estranhamente belo.
Aquele olhar perdido encarando firmemente o vazio, aquelas mãos trêmulas, cansadas que já não tinham força o suficiente, mas ainda tentavam frustradamente apoiar o peso do velho corpo.
Nem mesmo um sorriso, nem mesmo um choro, mas aquela expressão velha, séria e triste continuava estampada naquele singelo rosto. Atrávez daquele par de olhos verdes eram possível ver uma explosão de sentimentos, sentimentos que o acompanhavam durante uma vida toda.
Será que se sentia sozinho? Será que eram só lembranças que vinham como monstros para o atormentar? Ou eram apenas pensamentos aleatórios que vinham e iam embora?

Será que um dia eu saberia o que se passava por trás daquele olhar perdido dentro daquele ônibus rotineiro?

(não gostei do texto, e só está aqui, pois eu não quero me esquecer daquele senhor.)