terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Querida Camila,

Vim aqui lhe pedir somente algumas pequenas coisas, sei que você pode fazer por mim. Primeiro de tudo, acalme-se, você ainda tem muita coisa para viver, e com apenas 16 anos não pode se achar com razão de tudo na vida. Você já errou muito, e é bom que continue errando, ou nunca vai aprender as cagadas que a vida faz.
Segundo, por favor, entenda-se comigo. Estou aqui apenas por ti, e você parece não entender o meu lado. Você tem pressa demais de crescer, e com isso atropela muita coisa. O tempo é sempre único, tudo o que você pode fazer é continuar vivendo. Peço também, que você aprenda consigo mesma, apesar de jovem, você já aprendeu muito e pode continuar. Sei que é forte para isso.
Não queira colocar a carroça na frente dos bois, nem tudo é fácil assim.
Aprenda também a gostar de ti e demonstrar gostar dos outros em volta. Um pouco de amor nunca fez mal. E afinal, se você não se gosta, como pode pedir para que os outros o façam? Não cobre isso deles.
Não cobre também tanto dos outros, você sabe que também odeia quando cobram o que não tem direito de ti.
És menina e jovem, tem muito o que viver e ainda vai tomar muitas porradas. Não se odeie por isso, por favor. Seja amável com os outros, não a ponto dos outros poderem passar a perna em ti. Não tenha medo, não jogue tanto na defensiva, você é melhor que isso. Sem medo, pode ser capaz de coisas maravilhosas, pode se sentir melhor.
Não se maltrate tanto pelos outros. Você não está sozinha, eu estou aqui. Não chores mais.
Continue a mesma, mas não para sempre. Inove-se, eu sei como você odeia a mesmice. Eu acredito em ti, e espero que você também possa acreditar.

Espero que lembre-se de mim quando precisar de alguém, afinal, eu estou em ti.
Atenciosamente,
M.

sábado, 9 de janeiro de 2010

quinquagésimo quarto ~

Toda noite preparava o prato, sentava-me a mesa e esperava. No começo ele vinha com um sorriso, beijava-me e contava sobre o dia, perguntava do meu, brincava comigo e depois lavávamos a louça dançando ao som dos Beatles.
Alguns meses depois ele demorava a chegar, não sorria mais, não me contava das coisas, jogava a comida fora e ia deitar-se. Mal olhava em meus olhos, mal dirigia a palavra a mim, simplesmente olhava através de tudo. Nunca consegui entender o que aconteceu, será que tinha feito algo? Tinha eu o ofendido? O maltratei? O que tinha mudado?
No final, algumas noites ele simplesmente não chegava, noites a fio que esperei acordada para nada, chegava bêbado de madrugada, dizia coisas horríveis, fedia a álcool. Mudara, não era mais o homem que tinha me esperado no altar, não era o homem que me levava flores no trabalho. Não era ninguém para mim, e isso era recíproco.

A primeira vez que ele tocou em mim eu não acreditei. Dizia que o roxo no meu braço eu mesma tinha causado, tentava esconder dos outros. Pensei que nunca mais ia se repetir. No entanto as noites foram ficando iguais, e tendiam a piorar. Ele não descansava até ver lágrimas em meus olhos, e o sangue escorrendo pelo meu corpo.
Noites e noites a história era a mesma, mal tinha sarado um machucado, e ele não tardava em fazer outro. Não podia mais aguentar.
Uma noite, naquela noite, eu planejei tudo. Se ele tocasse em mim, eu tocaria nele da minha maneira. Afiei a faca, escondi embaixo da minha blusa e o esperei a noite toda. Ele não veio.
Quando notei, achei loucura toda a história de machucar meu próprio marido, não podia fazer isso. Guardei a faca na primeira gaveta na cozinha, e fui deitar-me, agradecendo por ter uma noite de sossego, podendo dormir sem precisar fazer curativo antes. Pensei que talvez ele tivesse desistido e ido embora. Um abandono é melhor que outro espancamento.
Na noite seguinte, no entanto, ele voltou mais violento do que nunca. Puxou-me pelo cabelo, me disse coisas horríveis, xingava-me de todos os nomes existentes. Aquela foi a única noite que eu temi por minha vida, jurava que seria minha última noite, mas não poderia ser assim. Não morreria nas mãos do homem da minha vida. No primeiro descuido, corri até a cozinha, peguei a faca e enfiei o mais forte que pude em suas costas.
Ele era forte, precisei de mais do que algumas facadas para derrubá-lo. Quando voltei a mim mesma, olhando o sangue em minhas mãos e o estrago que tinha feito em meu marido, fiquei assustada. Como eu poderia ter sido capaz de algo tão monstruoso? Corri até o banheiro para lavar-me, tirar o sangue de cima de mim. Logo após, liguei para a polícia.

E agora vocês do júri se encontram aqui, tentando dizer se fui culpada ou inocente. Tentando defender-me, eu me tornei o monstro, e agora já não posso mais me reconhecer. Nunca perdoar ou condenar-me-ei.
Entretanto digo a vocês que fiz o que fiz apenas por minha sobrevivência. Não nego isso. Peço apenas que vocês pensem, entre a vida de vocês e de um monstro qualquer, qual vida vocês escolheriam? Vocês matariam seu ideais para permanecerem vivos? Tornar-se-iam os monstros?

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

quinquagésimo terceiro ~

http://www.youtube.com/watch?v=7MYu-A1TxXU&feature=channel


Não poderás me entender pois não tens as mesmas asas que se encontram atrás de minhas costas.


Não sentes as coisas a minha maneira, o que é perfeitamente normal, não se acanhe.
Mas será que podes se esforçar um pouco mais, você precisa entender as coisas que não atrevo-me a dizer. Será que assim poderás decidir se fica ou vai?
As palavras entaladas em minha garganta não me permitem voar, seguram minhas asas e pesam em meu corpo. Meus segredos ocultos que ficam somente em mim. Desvenda-me.
Você deveria me ajudar, e agora só ofusca a verdade perante meus olhos. Poderás fazer tudo isso ter sentido? Será que poderia ficar e me ajudar?
Tudo ao redor gira, e você não permanece. Minhas asas continuam intactas, não sabem voar. E qual seria o sentido então de ter asas que não voam? Tudo gira, e dessa vez rápido demais.
Posso acostumar-me a isso, não preciso mais fugir, preciso?
Dê-me a resposta e prometo acreditar. Dê-me a resposta e mude tudo em minha vida.

Faça-me voar, faça-me acreditar em um mundo diferente, paralelo talvez.
Vamos, eu acredito em ti. Acredite em mim também.
Livre, liberto-me de mim. Sente o vento que minhas asas fazem ao bater? Guarde essa sensação, guarde no peito. Dou-lhe um beijo e vou-me embora. Ficarás para me ver partir? Vai esperar? Espera-me. Desvende o segredo em meus olhos, e com um beijo terno diga-me adeus.
Adeus, meu querido.

nota ''final'' [Último e recomeçando...]

Escrevo agora em uma postagem automática pois sei que não vou estar aqui no último dia do ano... (Calma, não vou morrer, só vou viajar - Ok, falar sozinha é legal)


~
Época final do ano, todo mundo louco, comprando presentes adoidados, consumismo rolando solto, assim como a falsidade. Não me deseje tudo de bom se você nem se quer gosta de mim.
Cansei dessa baboseira de ''Felicidades, tudo de bom, que Deus ilumine teu caminho''. Pra mim já deu... Não quero felicidades e tudo de bom, quero mudança. Não quero que me desejem todas essas falsas coisas boas, quero que me desejem que eu seja melhor, que eu mude para melhor, que eu possa evoluir.
Ninguém gosta do tédio, por mais que significa que tudo está sobre o teu poder. Bom, pelo menos eu não gosto. Gosto das coisas certas, mas não iguais. Não quero tudo igual sempre, enjoativo demais...
Para o ano que vem tenho várias revoluções em mente, assim como a maior parte das pessoas que eu conheço, porém conhecendo-me bem, sei que elas não vão durar até a metade do ano... Canso do que mudei, cansei de mudar. Seria mais fácil ser boa desde o começo não? Ser o fruto ruim na árvore não é exatamente a melhor coisa do mundo... Mas pelo menos isso significa que eu posso mudar e melhorar e não serei igual. É, talvez ser ruim não seja, necessariamente, ruim.

Sou ruim, sei disso. Gostaria que os outros parassem com os elogios falsos e me desejassem a verdade. Sei que não sou a única que gostaria da minha mudança boa. Pelo menos essa ''revolução'' eu pretendo deixar até o final da vida, mas gostaria de ajuda. Será que alguém pode me ajudar?
O ano novo serve para mudanças assim como serve para o começo de tudo igual, das mesmas coisas... Mas não dessa vez, por favor, não posso me permitir isso novamente.
Não que eu precise de um ano novo para reparar que eu sou um ser humano doido, mas começar as coisas com organização é uma boa também, não?
Talvez eu já não fale nada com nada para vocês, mas, por favor entendam que eu tenho necessidade de mudança agora.

Então desejo a vocês um ótimo ano novo, com várias coisas novas fora da monotonia da igualdade.
Mudem, se reinventem... Sejam o melhor que podem ser! Garanto que todo mundo sai ganhando. E por fim, o sempre clichê... Sejam felizes, torço por isso. Espero que seja recíproco.
Tenham uma boa noite, caros leitores, e até ano que vem! :)