quinta-feira, 24 de setembro de 2009

quadragésimo segundo ~ [Carta à um (des)conhecido]


Caro ________,


Há quanto tempo não te vejo, como está? O que te feito da vida?
Hoje me encontrei pensando em ti, e resolvi escrever uma carta, mesmo que virtual e mesmo que nunca chegue em ti, ficarei feliz escrevendo-a.

Sabe, às vezes eu me pergunto por que motivos nossos caminhos não se cruzaram mais, mas fico feliz por ter te conhecido, nem que seja por dois dias.
Fico me perguntando se você conseguiu ser piloto... Gosto de pensar que sim, que está lá no céu, fazendo o que sempre quis, que agora se sente livre e feliz... Mas às vezes penso que ainda dirige ônibus cidade adentro. Não gosto desse pensamento na verdade! Tanto treino e estudo deve ter valido a pena, não?
Lembro-me até hoje, mesmo que vagamente, de nossas conversas... Acho que você não sabe, mas foi a pessoa que disse uma das frases que mais me marcou (''Você tem medo de se apaixonar, não é? Dá para notar...''), e mesmo que não me conhecesse tão bem, me decifrou melhor do que a maioria. Gostaria de agradecer por isso.
Gostaria de te encontrar e dizer que eu estou bem, te dizer o que aconteceu e o que eu espero que aconteça ainda. Alguns meses são suficientes para mudar a vida de uma pessoa, não é?

Espero que tenha realizado os teus sonhos... Lembro a alegria que você tinha em contá-los para mim, e para quem quisesse ouvir.
Só gostaria de dizer que espero que esteja feliz, gostaria muito de saber que está.
Fique bem.

Atenciosamente,
C.M.C.
(ou medrosa-não-estudiosa-desastrada-sorridente, como preferir...)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

quadragésimo primeiro~

Abriu os olhos, via a luz do sol entrando gentilmente pela fresta da janela, convidando-a para sair. Levantou, meio cambaleando, prendeu o cabelo bagunçado. Lavou a cara, e com isso tirou a mancha de lápis borrado de choro da noite anterior.
Olhou-se no espelho, tinha a expressão abatida, e imediatamente pegou a bolsinha de maquiagem, jogou um pouco de pó aqui, corretivo ali, e já se sentia melhor... Nunca foi muito vaidosa, mas precisava se sentir bem naquele momento. Não estava linda, mas estava satisfeita com o que tinha.
O dia estava quente, perfeito para recomeçar. Correu para o quarto, escolheu sua melhor roupa, vestiu rapidamente enquanto ouvia sua música preferida. Dançava, dançava e espantava todos os males. Se olhou novamente no espelho, aprovando o visual. Foi até a sala, indagando saber onde tinha jogado a chave do carro. Achou o chaveiro azul de pelúcia, e consequentemente a chave do Chevette herdado do pai.
Entrou rapidamente no carro, ligou o rádio, a voz soterrada do Eddie Vedder invadia todo o espaço do carro (http://www.youtube.com/watch?v=GXVpjjpwNss), abriu a janela e deu partida... Apesar de tudo, se sentia bem, uma hora teria que deixar tudo aquilo para trás, e a hora tinha chegado.
O vento entrava no carro trazendo o cheiro de manhã para dentro. Tudo isso parecia uma conspiração para fazê-la se sentir bem, e ela não pensava em reclamar. Finalmente o ponto final tinha sido dado, e apesar de doloroso, era preciso.
Olhou para tudo a sua volta, soltou um tímido sorriso pelo canto da boca, suas covinhas ficaram evidentes, e suas bochechas coraram. Cantava e se deixava levar. Para onde ia? Nem mesmo era sabia, mas o dia estava tão bonito que não poderia ser desperdiçado.
E com isso aproveitou a liberdade que ela tinha se dado de ser... livre. Não se importava mais com o que tinha acontecido, só precisava de um tempo para ela, e finalmente se deu esse tempo.
E foi-se embora, sabendo que ia voltar, mas sem prazo determinado... Só queria ser feliz, e faria tudo para conseguir isso.

(http://www.youtube.com/watch?v=RRTDrriPNVU)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

trigésimo nono~


Ou talvez eu realmente não seja tudo isso.
Seja menos, ou até mesmo mais do que imagino.
Talvez seja simplesmente oposta, em mesma quantidade, do que eu pensava ser.

Mas realmente acho mais fácil pensar não ser nada, e descobrir ser tudo o que não achava.
Surpreender-me comigo mesma não pode ser tão ruim assim, não é?




trigésimo oitavo~

Hoje eu sinto que um coquetel de ignorância cairia bem,
quem sabe amnésia também?

Adoraria esquecer os doces amargurados;
adoraria te devolver as palavras que queimam meus ouvidos;
e engolir de voltar as palavras que amarguram minha garganta.
Será que poderia me ajudar a esquecer? Será que poderia sorrir e dizer que está tudo bem?
Será que não vê que para eu esquecer de tudo, você precisa ir embora? Embora levando contigo tudo o que um dia pensei, e um dia quis ser. Leve isto daqui, vá embora... Por favor!
Não estarei contigo até o fim, e isso é recíproco, então para que o sofrimento no meio? Vamos acabar com isso enquanto é tempo, vamos virar as costas.
Corra na direção oposta, corra contra o vento, ele secará tuas lágrimas talvez.
Corro na direção oposta, corro a favor do vento, ele me levará para longe, eu sei.
Será que és o único cego aqui? Ou simplesmente não quer ver que isso não está certo?
Não me faça suplicar, me rastejar, não me humilhe assim. Olhe nos meus olhos e veja o que eu vejo.
Ei, já te convenci?
Já quer ir embora? Já me esqueceu?
Muito obrigada!
Agora quem sabe não posso ir também? Já deu minha hora e a vida (esta ingrata) não parou quando eu pedi, será que se correr chego onde morri? Será que ainda tenho tempo?

Ah, mas é claro que sim.
Eu fiz isso e posso parar, nem mesmo um coquetel de ignorância poderia mudar tudo.
Vou (re)começar... Vale mais a pena do que parar novamente.



(escrever realmente faz bem, mesmo que não faça sentido...)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

trigésimo sétimo~



Olhe para o céu, você se sente parte de tudo?
Sente a liberdade e o amor fluírem? Precisa dar um nome a tudo isso?
Que nome daria?
Essa sensação de estar completa, de estar livre, de estar bem? Como você chama isso?

Você sente vontade de correr e me explicar o que está acontecendo, ou prefere guardar as respostas para você?
Você tem as respostas? São certezas absolutas para ti?
Espero que sejam... Nada melhor do que ter certeza;
a dor da ignorância não tem comparação.
As respostas fazem sentido, ou são apenas placebo? Isso faz diferença?

Gostaria de te abraçar e dizer todos os meus medos;
te abraçar e afastar os teus;
te abraçar e me sentir bem.
Gostaria de ter certeza das coisas, de tudo, do mínimo.

Porém a incerteza faz parte de quem eu sou, que eu fui e ainda serei;
e já me acostumei com essa convivência pacífica.
Posso viver assim;
Só não quero saber da minha ignorância.
Por favor, leve-me para longe... Leve-me contigo, leve-me para ti.