sexta-feira, 27 de maio de 2011

septuagésimo terceiro ~

[http://www.youtube.com/watch?v=XgP5Q9vZal8 Jónsi and Alex - Indian Summer]


No momento mais solitário do dia mais quente, me pego pensando nas respostas impossíveis. Perguntas que nunca deveriam ser feitas em respeito a sanidade humana e que por mais que pareçam simples, escondem uma complexidade real. Não seja tolo, não importa quantas horas, dias e quantas vidas você desperdice tentando se encontrar, a realidade é que a cada segundo a resposta parece mais longe de ti.
Horas passam e o abismo aumenta. Será que devo pular em busca das respostas ou permanecer com os pés nos chão ignorando o sentido só para me manter sã? Não ouso acreditar que a vida é apenas dias que se acumulam, lugares que conheço e pessoas com quem converso. Não ouse acreditar na simplicidade das coisas por ser covarde.
De certo modo, é um momento de loucura bom. Deitar no chão, chorar com medo e sentir-se perdida. É o único momento que eu realmente sinto que estou viva. Afinal, imagino eu que no dia que pensar ter encontrado todas as respostas, não terei mais sentido aqui.
Mas veja, não estou falando para você se perder também; se jogar do abismo. Não, isso seria loucura e possivelmente não teria volta. Apenas digo para que também não tente evitar entender - ou pelo menos tentar. Nunca tive tanta certeza de mim mesma quanto no momento que tive absoluta certeza de que não tenho ideia do que sou; não importa o quão irreal isso possa soar.
Pela primeira vez, vejo o abismo e sinto que posso pular. Perder-me para encontrar a mim mesma. Isso faz sentido para você? Bom, isso não importa agora. Talvez nunca ache as respostas - talvez elas estejam somente em mim. Ou quem sabe, o sentido da vida seja exatamente não saber; será? O que há de ser de nós quando tudo isso acabar?
Sinto medo e sinto que isso é normal. Talvez o objetivo seja esse, mas passar uma vida inteira tendo medo de viver não me parece agradável. Será que você também sente tudo isso? Oras, seja sincero comigo, posso não saber todas as respostas do mundo, mas gostaria de saber quais são as suas.
A cruel dualidade de se perder para se achar. É doce o desespero que cresce em mim ao mesmo tempo em que é dolorosa a percepção do mundo - meu mundo. Veja bem, acho que nunca me senti tão perdida e por isso, acho que nunca me senti tão próxima da verdade. Depois de certo tempo, vejo que não vale mais a pena perder horas no chão frio esperando, passar horas no escuro temendo o amanhã, passar uma vida sofrendo para simplesmente chegar o fim. Vejo agora que sou minha pior inimiga na calada da noite.
Palavras vem rapidamente mas não são o suficiente para te fazer entender tudo o que preciso dizer. Mas agora isso não importa mais, pois, pela primeira vez, eu sinto que entendo a mim mesma - e por isso, sei que não entendo. Acredite, a vida só começará a fazer sentido a partir do momento em que você assumir que ela nunca fará. Será que agora você compreende a si mesmo também?


(Acho que essa é a primeira vez que consegui escrever tanto em tão pouco tempo por um simples surto de pensamentos... E agora eu me sinto leve.)