É, eu sei, estou num dia de reminiscências mesmo, mas parece que tenho necessidade de lembrar de certas coisas que estão apagadas na minha memória.
Dessa vez lembrei do sopão do centro da cidade.
Minha mãe trabalha em uma empresa que, de vez em quando, fazia uma noite de sopão para os pobres. Em uma dessas vezes, eu e minha irmã fomos para ajudar.
Era bem simples e organizado, bem coisa de filme mesmo. Panela enorme lotada de sopa, fila de moradores de rua esperando a sua vez, pratinho de plástico fundo. Se eu não me engano, eu ficava dando o pedaço de pão. Bom, seja como for, eu estava passando por entre um grupo de moradores de rua se deliciando na sopa quente na noite fria, quando um homem acabou derrubando o prato, e assim toda a comida foi parar no chão.
Quando eu cheguei para ajudá-lo, ele já estava juntando toda a sopa no chão e tentando, numa tentativa falha, colocá-la de volta no prato, para comer novamente. Lembro-me bem do desespero que ele ficou, e na angústia que isso me deu.
''Não, moço, não pega do chão! Eu vou pegar outro prato cheio para você!''
Mas ele continuava! AAAAAAHH, que sensação horrível.
No final eu simplesmente peguei um prato novo com mais pão para ele.
Lembro da minha vontade de chorar, e de abraçá-lo forte...
Lembro-me de todas as sensações, mas não consigo recordar o rosto dele.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
sexagésimo terceiro ~
No desespero da falta de inspiração, me pego remoendo textos antigos... E hoje procurei no meu blog ultra secreto e escroto. Achei um post que me lembrou um dia feliz e eu resolvi compartilhar isso aqui.
'Um dia desses eu fui em uma palestra sobre Fotografia Digital em uma livraria. O lugar não estava lotado, mas optei por ficar de pé, atrás do público.
Então, no meio da palestra uma pessoa para do meu lado, e quando eu me viro para ver quem era, deparo-me com uma dos olhares mais inocentes que já vi na vida. Esse olhar pertencia a um garoto que tinha Síndrome de Down. E esse olhar veio com o sorriso mais gostoso que eu já recebi, e talvez o mais sincero também.
Com o tempo, o moço que estava dando a palestra resolveu exemplificar o que estava dizendo na prática, pegou a câmera e apontou para a platéia. Quando vejo, ela estava apontada para o fundo da platéia onde estavam eu e esse garoto.
E é quando vejo ele fazendo uma pose, todo maroto, tão lindo, para a câmera.
Ele tinha uma tatuagem, de henna é claro, que apontou para a câmera, mostrando-a com todo o orgulho do mundo. Estava tão feliz, continuava sorrindo de um jeito maravilhoso.
Era como se nada pudesse o machucar, e tudo fosse alegria.
E estar perto dele... Aquilo me gerava alegria.
Mas ai ele foi embora, olhou, sorriu, disse tchau.
No começo eu fiquei feliz, retribui a gentileza e o desejei tudo de bom.
Mas depois pensei que nunca mais o veria;
e nunca mais o vi mesmo.''
Enquanto eu lia o post, as lembranças ficaram claras na minha mente, mas eu já tinha me esquecido de tudo isso. Fico feliz que pude me lembrar daquele sorriso encantador que continua me trazendo alegria.
'Um dia desses eu fui em uma palestra sobre Fotografia Digital em uma livraria. O lugar não estava lotado, mas optei por ficar de pé, atrás do público.
Então, no meio da palestra uma pessoa para do meu lado, e quando eu me viro para ver quem era, deparo-me com uma dos olhares mais inocentes que já vi na vida. Esse olhar pertencia a um garoto que tinha Síndrome de Down. E esse olhar veio com o sorriso mais gostoso que eu já recebi, e talvez o mais sincero também.
Com o tempo, o moço que estava dando a palestra resolveu exemplificar o que estava dizendo na prática, pegou a câmera e apontou para a platéia. Quando vejo, ela estava apontada para o fundo da platéia onde estavam eu e esse garoto.
E é quando vejo ele fazendo uma pose, todo maroto, tão lindo, para a câmera.
Ele tinha uma tatuagem, de henna é claro, que apontou para a câmera, mostrando-a com todo o orgulho do mundo. Estava tão feliz, continuava sorrindo de um jeito maravilhoso.
Era como se nada pudesse o machucar, e tudo fosse alegria.
E estar perto dele... Aquilo me gerava alegria.
Mas ai ele foi embora, olhou, sorriu, disse tchau.
No começo eu fiquei feliz, retribui a gentileza e o desejei tudo de bom.
Mas depois pensei que nunca mais o veria;
e nunca mais o vi mesmo.''
Enquanto eu lia o post, as lembranças ficaram claras na minha mente, mas eu já tinha me esquecido de tudo isso. Fico feliz que pude me lembrar daquele sorriso encantador que continua me trazendo alegria.
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