segunda-feira, 24 de novembro de 2008

vigésimo terceiro~

Aquele café fumegante sempre teve gosto de amor.
E agora a xícara se encontrava no meio da mesa, intocada.

Palavras não eram necessárias naquele momento, tudo o que era preciso ouvir já tinha sido dito. Ambos já tinham reparado que o momento final era inegável, porém nenhum queria ser o primeiro a dizer 'adeus'. Palavra maldita essa que arrancava lágrimas da moça antes mesmo de ser dita.
Os pensamentos jogados sobre a mesa procuravam espaço entre a xícara, as alianças, as malas e o silêncio. Silêncio que rasgava o coração dos antigos amantes que antes se diziam eternos.
Aquelas confissões tardias, e os perdões não sinceros. E a dor no meio de tudo. A confiança havia se perdido no momento, não poderiam mais continuar.

Por fim, entre lágrimas o homem se levantou e pegou a xícara na mesa.
Um último olhar, um último adeus não dito. Um último gole...
O café nunca esteve tão amargo.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

vigésimo segundo~


Um dia que começou cinza não poderia acabar melhor.
Na verdade, literalmente falando o dia não começou cinza, começou com um nascer bonito e gelado do sol e foi ficando nublado e cinza. Mas para mim foi exatamente o contrário. Começou mal, e agora não poderia ficar mais feliz.
Sem mais enrolações, vou contar logo a história.

Eu estava com a minha irmã no ponto de ônibus e especialmente hoje (sabe aquele dia que tudo parece chato e não dá vontade de fazer nada além de dormir? Exatamente um dia assim!) o ônibus demorou um bocado.
Um ônibus vermelho passou, não era o meu, mal estava prestando atenção até ele parou e um senhorzinho foi descer. Eu estava com o pensamento muuuito longe dali então só fui perceber a dificuldade do senhor quando ele já estava no quase último degrau.
"Ah! O senhor quer ajuda?"
Ofereci a mão e ele retribuiu a minha gentileza segurando-a. Primeiramente ele não segurou forte, nem mesmo se apoiou, mas nunca seguraram a minha mão com tamanha delicadeza. Era como se ele fosse frágil, como se qualquer toque brusco o quebrasse. Lembrou-me um pouco de um passarinho.
"Você quer ajudar para atravessar a rua?" "Ah, sim!"
E de mãos dadas atravessamos a rua, eu morrendo de medo que um carro passasse, ele com uma calma e certa lerdeza sem igual. E assim, sem mais nem menos ele começou a conversar comigo sobre o câncer que ele tinha e como o médico tinha dito para andar uns 6 km por dia, então ele ia andar uns carteirões e voltar.
"Você sabe onde eu pego o ônibus de volta?". Levei-o para o ponto com um certo medo de deixa-lo ali sozinho. "Você sabe o ônibus que precisa pegar para voltar?"
Despedi-me e assim de surpresa ganhei mais um beijinho carinho repleto de bondade. "Reze por mim" "Pode deixar, espero que você melhore!"

Espero que ele esteja bem, espero que ele fique melhor.
Estou muitíssimo feliz de novo! :)